quarta-feira, 11 de maio de 2011

Solidariedade - real e falsa

Solidariedade é uma daquelas palavras que embora seja ouvida sempre e com certa constância, é algo que nem todos tem a mesma definição. Muitos usam sinônimos como amizade, companherismo, comunhão, etc. Outros usam definição de ser aquele sentimento de ajudar o próximo. Segundo a Wikipédia, a solidariedade social é a condição do grupo que resulta da comunhão de atitudes e de sentimentos, de modo a constituir o grupo em apreço uma unidade sólida, capaz de resistir às forças exteriores e mesmo de tornar-se ainda mais firme em face de oposição vinda de fora.

O ponto interessante é que em todas as definições eu noto sempre uma referência ao "mais próximo", ou seja, um vizinho, parente, pessoas da mesma cidade, estado ou país. Recentemente, com o terremoto e o tsunami no Japão, eu se fosse positivista diria que esta idéia transcedeu o ponto local para ser global. Mas será que é verdade? Será mesmo que as pessoas são mesmo solidárias ou apenas se deixam levar pelo que é exibido na mídia para ficar com um falso sentimento de "eu ajudei alguém" e achar que é uma pessoa melhor por isso?

O ponto que quero chegar é que eu em minhas viagens de ida e volta pelas ruas, especialmente para o trabalho, noto que essa solidariedade não é bem assim como dizem por aí. Eu viajo constantemente de metrô e pego um ônibus que leva deficientes visuais, incluindo cegos mesmo, para o Instituto Benjamin Constant. Nesse percurso é até triste verificar que as pessoas, especialmente os mais novos, estão cada vez mais indiferentes com a dificuldade alheia. Cansei de ver cego atravessando o ônibus inteiro para que alguém desse lugar, sendo que adolescentes ocupavam o lugar destinado a estes. Mesmo que não ocupasse, custaria ceder o lugar? O mesmo ocorre com idosos. E não é apenas em ônibus, mas metrô também. E engana-se quem acha que está associado a classe econômica, pois noto isso tanto entre pobres quanto (até mais) em meio a mais ricos.

Daí vem a dúvida de o que adianta mandar dinheiro para um japonês do outro lado do mundo que você não conhece se aparece um idoso com dificuldade de locomoção e não cede sequer o seu assento? De que adianta mandar dinheiro para Criança Esperança se quando vê uma criança cega em um ônibus lotado não tem a capacidade de ceder seu lugar? Cenas assim que tenho assistido e ao ouvir notícias na mídia de que brasileiro é um povo solidário, sinto-me enganado. É muito mais fácil ser solidário com um desconhecido do que com alguém que está a sua frente e mostrando suas necessidade. É muito fácil ser solidário quando não precisa sair de sua zona de conforto e apenas descontar um dinheiro em sua conta bancária, enquanto quando precisa mexer seu corpo a coisa muda. Então deixo apenas a questão no ar de qual é a verdadeira solidariedade e qual é a falsa. Não entrarei no mérito de julgar, pois como expliquei no início, isso muda de cada um, mas eu sei bem para mim o que é ser realmente solidário e o que é apenas se enganar achando que é solidário. É bom ajudar, incentivo, mas é igualmente bom, ou até melhor, ajudar quem está ao alcance de nossos olhos.

Pensamento do dia: Aprendi que um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se. Gabriel Garcia Marquez

3 comentários:

White disse...

Este post não podia estar mais correcto a meu ver, pois tou também da mesma opinião.
Aqui em Portugal é a mesma coisa. As pessoas têm muita lábia e dizem que mandaram dinheiro não sei para onde, doaram dinheiro em X organização, mas acontece sempre a mesma coisa nos transportes públicos, se ferrando para as pessoas que vêm com necessidades à sua frente e não movem nem uma palha para ajudar. u__u Me irrita profundamente este tipo de gente.

Natália disse...

Olá!!
a quanto tempo que eu não venho aqui.
Sabe,adorei seu novo layout, isso me mostrou que está na hora de eu mudar o meu.
Sobre esse fato, concordo com o que você disse. Somos solidários na situação que não precisamos nos esforçar para isso, como levantar num ônibus cheio e tals. No trem eu nem sento no lugar reservado. É bom ver os idosos entrarem e falarem: "olha, o lugar estava esperando por mim". xD
No caso de cegos, onde eu trabalho tem pessoas que ajudam essas pessoas, então como você disse, depende de pessoa para pessoa.
Vou indo, depois da uma passadinha e vê o post xoxo que eu fiz. =/
beijos, até mais

Hidekee disse...

@White:

É? Então não é coisa só de brasileiro isso. Se duvidar em todo o ponto do planeta é assim, pq ajudar quem não se vê ou não "incomoda" é mais fácil ¬¬

@Naty:

Oi, a mto tempo mesmo XD

Eu até sento em bancos reservados, pq sei que eu vou ceder o lugar. Vai que um outro que sente seja cara-de-pau e não ceda o lugar? =/

E vou ler seu post sim, e espero pela mudança do layout do seu blog tb o/